Foto: Reprodução

Por Patrick Simão do Além da Arena

Robert Nesta Marley, conhecido mundialmente como Bob Marley, é um dos artistas mais conhecidos da história. O cantor jamaicano, maior nome da história do Reggae, teve sua vida retratada no filme “One Love”, que estreou nos cinemas brasileiros dia 15 de fevereiro.

Entre as grandes paixões do cantor estava o futebol, que assim como suas músicas, atinge até hoje diversas regiões e camadas da sociedade. Para ele, “o futebol é uma arte completa em si. É todo um universo. Eu amo futebol porque é preciso ser um artista para praticá-lo. Quando nós jogamos futebol, também fazemos música. Eu preciso disso. Liberdade! Futebol é liberdade!”

A liberdade que Bob Marley pregava se associa à forma como o futebol é jogado e ao acesso para diferentes camadas sociais. O futebol pode ser plástico e romantizado, tal como a arte de Bob Marley. O futebol, assim como a música, significam representatividade e resistência. Bob Marley cantava e jogava, passando mensagens de paz e também de antirracismo.

Desde pequeno, ele teve muito próximo de si a música e o futebol, chegando a declarar que seria futebolista caso não seguisse a carreira musical. Conforme relatavam membros de sua banda, The Wailers, Bob Marley era considerado um jogador rápido, de meio-campo.

Seu time na Jamaica era o Boys Town, que dá nome a um bairro de Kingston, capital jamaicana, onde Bob começou a jogar futebol. Filho de mãe jamaicana com pai inglês, ele também torcia para um time bem próximo à Inglaterra: o Celtic, da Escócia.

Bob tinha uma paixão especial pelo futebol brasileiro, que encantou Bob Marley durante o tricampeonato mundial de 1970. O Rei do Reggae era declaradamente torcedor do Santos e tinha Pelé como grande ídolo. Inclusive, o clube brasileiro fez parte da divulgação do filme, com conteúdos nas redes sociais, trechos do filme transmitidos no telão da Vila Belmiro no intervalo do clássico contra o Corinthians e com a presença dos ídolos Lima e Abel no evento de pré-estreia no Brasil. Seu filho, Julian Marley, revelou que toda sua família torce para o Santos.

Foto: Walter Firmo

Bob Marley veio ao Brasil em 1980, porém, devido à censura da Ditadura Militar, foi proibido de fazer shows no país. Apesar disso, ele aproveitou bastante o país, junto de seu amigo e campeão mundial Paulo Cézar Caju.

Vestindo uma camisa do Santos, Bob Marley, Caju e os Wailers jogaram futebol com ídolos da música brasileira, como Chico Buarque, Alceu Valença, Toquinho e Moraes Moreira. A partida aconteceu no Rio de Janeiro, no Centro Recreativo Vinícius de Moraes.

Paulo Cezar Caju (à direita), Bob Marley (centralizado) e Chico Buarque (à esquerda) em 1980.

Infelizmente, Bob Marley faleceu no ano seguinte, em 1981, com apenas 36 anos, após batalha contra o câncer. Entretanto, seu legado, suas mensagens, suas letras, simbolismos e causas políticas se perpetuam até hoje com sua imagem. O mesmo acontece com o futebol, esporte no qual sua família é muito ligada até hoje.

Na Copa do Mundo de 2023, sua filha, Cedella Marley, foi uma das principais patrocinadoras da Seleção Feminina da Jamaica, que, devido ao baixo orçamento, precisou organizar uma vaquinha para disputar o torneio na Austrália. As ajudas financeiras e sua atuação como embaixadora da Seleção começaram em 2008, quando a Federação Jamaicana havia decidido acabar com a equipe feminina.

A Jamaica, que em 2019 foi a primeira Seleção caribenha a participar de um Mundial Feminino, fez história em 2023. Na primeira fase, o país empatou com potências como França e Brasil (inclusive eliminando nossa Seleção), venceu Panamá e caiu somente nas oitavas de final, em histórico duelo latino-americano, contra a Colômbia. A Jamaica chegou à mesma fase que os Estados Unidos, e foi melhor do que Brasil, Canadá e Panamá no continente americano. Muito disso se deve à Cedella e, consequentemente, ao legado de Bob Marley.

Em 2021, o Ajax, maior clube da Holanda, lançou uma camisa que homenageia Bob Marley, inspirando-se em sua música “Three Little Birds”, que a torcida canta nas arquibancadas. O uniforme é majoritariamente preto, com detalhes em verde, vermelho e amarelo, que representam o Reggae e o rastafari. A camisa teve sucesso mundial imediato.

Divulgação: Ajax