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Roda de Conversa abre programação da Semana da Equidade Racial na Alece

Por Gleydson Silva
20/03/2024 14:58

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- Foto: José Leomar

A programação da Semana da Equidade Racial foi aberta, na manhã desta quarta-feira (20/03), na Assembleia Legislativa do Estado do Ceará (Alece) com uma roda de conversa sobre o tema. O evento, que tem o propósito de sensibilizar e mobilizar os participantes para promover a igualdade racial dentro da sociedade, é uma iniciativa da Alece, por meio da Célula de Fomento à Cidadania e ao Empreendedorismo de Impacto Social do Comitê de Responsabilidade Social da Casa.

A Semana da Equidade Racial no Parlamento faz alusão ao Dia Internacional da Luta pela Eliminação da Discriminação Racial, instituído pela Organização das Nações Unidas (ONU) e celebrado no dia 21 de março.

Com mediação da jornalista Magnólia Paiva, a roda de conversa foi composta pela secretária-executiva da Igualdade Racial do Ceará, Martír Silva; pela secretária-executiva de Enfrentamento à Violência Contra a Mulher, Raquel Andrade; a secretária de Ciência, Tecnologia e Educação Superior do Ceará (Secitece), Sandra Monteiro; e a procuradora Emanuela Silva.

No discurso de abertura, a primeira-dama da Alece e idealizadora do Comitê de Responsabilidade Social, Cristiane Leitão, afirmou que o Dia Internacional da Luta pela Eliminação da Discriminação Racial não é apenas uma data para marcar no calendário, mas um lembrete de que essa luta é uma jornada contínua, “uma batalha que nossa sociedade deve travar todos os dias, em todas as frentes”. 

Cristiane Leitão destacou ainda dados de pesquisas que apontam cenários de maior dificuldade enfrentados pela população negra, como “maior taxa de desemprego, acesso limitado à educação de qualidade e são desproporcionalmente afetados pela violência e pela pobreza”.

“Além disso, o racismo estrutural permeia o cotidiano de milhares de pessoas todos os dias. Desde a descriminação no mercado de trabalho, situações de bullying com crianças nas escolas, até chegamos aos baixos índices de representatividade em cargos de liderança, como na política e na Justiça. Não podemos permitir que esses casos nos façam parar no tempo. Devemos transformar essa indignação em ação, canalizando nossa energia para transformar nosso País em um espaço realmente justo”, ressaltou a primeira-dama do Legislativo estadual. 

Para a secretária-executiva da Igualdade Racial do Ceará, Martír Silva, as diferenças entre as pessoas na comunidade não podem ser usadas para justificar e legitimar as desigualdades de direitos. Pelo contrário, exige do Estado, das políticas públicas, e da própria população o entendimento de que essa questão não é individual, mas coletiva.

“O Estado tem a responsabilidade de promover a equidade atendendo as necessidades das pessoas de acordo com as diferenças. As cotas, por exemplo, são políticas afirmativas que buscam a equidade. E não podemos enxergá-las como políticas de facilitação para as pessoas negras, pois são pessoas, historicamente, excluídas do processo educacional e de acesso ao trabalho seguro e bem remunerado”, observou a secretária.

De acordo com a secretária-executiva de Enfrentamento à Violência Contra a Mulher, Raquel Andrade, além do fator “gênero”, a questão racial atravessa diversas mulheres. Conforme ela, as mulheres negras são as que mais sofrem violência, como a doméstica e a obstétrica, além de serem as principais vítimas de homicídios. “É importante que façamos esse entrelaçamento de gênero e raça para entender e, sobretudo, desenvolver propostas para enfrentar essa discriminação de gênero e de raça, no campo das políticas públicas”, pontuou.

O que falta para as mulheres negras, conforme Raquel Andrade, é oportunidade. “Promover equidade, em última instância, é promover oportunidades para igualar os direitos. As diferenças precisam ser equiparadas para a gente alcançar a plenitude de direitos e oportunidades”, disse. 

A secretária da Secitece, Sandra Monteiro, primeira mulher à frente da Pasta, em 30 anos, avaliou que todos estão submetidos à educação, no entanto, a equidade para que esse direito seja atingido ainda precisa ser conquistado. Ela destacou ainda como a Secitece pode se inserir na luta pela equidade racial. “É poder providenciar ações integradas, tanto na educação profissional quanto na superior, que possibilitem mais oportunidades para aqueles que precisam”, apontou.

Já a procuradora Emanuela Silva enfatizou as oportunidades por meio da escola pública para os jovens e a importância de conhecer os direitos, se transformando em agentes transformadores na sociedade. “Até um ato negativo é uma oportunidade para transformar aquilo em algo positivo para você”, incentivou. 

Sobre as políticas afirmativas, como as cotas, Emanuela Silva avaliou a necessidade de o Poder Público ouvir a população que será impactada. “Como construir políticas públicas para determinado grupo se ninguém escuta esse grupo? É necessário ter negros, sobretudo mulheres negras, inseridos nesses ambientes institucionais em uma tentativa de romper esse racismo estrutural”, ponderou.

A roda de conversa sobre a promoção da equidade racial foi acompanhada por servidores da Alece, população em geral e estudantes de escolas públicas, e conta com programação até o próximo dia 22 de março. 

 

PROGRAMAÇÃO

Feira de Artesanato

Dias e horário: 20 e 21/03, às 9h

Local: Corredor do Anexo I

Palestra 

Afroempreendedorismo

Dia e horário: 21/03, às 9h

Local: Auditório Lucila Bomfim - Anexo III

Convidados: Talles George (consultor do Sebrae) e Maria de Jesus Dias (coordenadora da Sala do Empreendedor da Alece)

Workshop

Tô de Tranças”

Dia e horário: 21/03, às 11h

Local: Auditório Lucila Bomfim - Anexo III

Convidada: Maria Eduarda Silva (trancista e empreendedora)

Encerramento 

Cine Alece (Filme: “Green Book: O Guia”)

Dia e horário: 22/03, das 9h às 11h

Debate sobre o filme: 11h às 12h

Local: Auditório João Frederico Ferreira Gomes - Anexo III

Convidados: Michael Rizzi MC (poeta, palestrante, comunicador, ator e apresentador) e Alécio Fernandes (Pretim Dalest) - produtor cultural, arte-educador e afroempreendedor.

Edição: Lusiana Freire

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