O Itaú Unibanco avalia que há chance “não-nula” de o ciclo de queda de juros conduzido pelo Banco Central terminar na próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), em junho. Nesta quarta-feira, o Copom pisou no freio e reduziu a taxa Selic em 0,25 ponto percentual, de 10,75% para 10,50% ao ano, após seis cortes de 0,50pp.
Mas a informação mais importante do documento veio no pé. A decisão foi dividida, por 5 votos a 4, colocando em lados opostos os diretores indicados pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva e os membros que já estavam no BC na gestão de Jair Bolsonaro. Os quatro nomes de Lula queriam uma queda mais forte da taxa Selic, de 0,50pp, como o colegiado havia indicado no encontro anterior, em março.
“Os quatro membros do comitê nomeados mais recentemente votaram a favor de um corte de 50 pontos base, apesar de concordarem com a avaliação altista, de forma geral, sobre as perspectivas de inflação”, destacou o Itaú.
“No momento, esperamos outro movimento de 25 pontos-base na próxima reunião, com chance não-nula de ser o último do ciclo”, disse o banco em relatório a clientes”, completou, acrescentando que espera mais detalhes do posicionamento das autoridades na ata, que será divulgada na próxima terça-feira.
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Na avaliação de parte do mercado financeiro, como o comunicado do Copom não explicita a divergência entre os diretores e toda avaliação do cenário para a inflação foi menos favorável, pode ser que os indicados de Lula optem por um “remédio mais fraco” diante do mesmo problema. Ou seja, sejam menos preocupados com a inflação.
Nesta quarta-feira, os ativos brasileiros operam sob estresse no mercado financeiro, que vê risco de o BC ser mais leniente com o controle da inflação quando os indicados de Lula forem maioria. O mandato do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, termina em 31 de dezembro, na mesma data Carolina Barros e Otávio Damaso devem deixar a diretoria do BC. Dessa forma, devem ser 7 nomes de Lula entre nove diretores no colegiado. Gabriel Galípolo, um dos primeiros indicados pelo petista, é um dos mais cotados para assumir o cargo de Campos Neto.