Alex Batty, o
jovem inglês encontrado em França seis anos após desaparecer em Espanha, contou os detalhes da fuga, numa entrevista ao jornal britânico
The Sun.
A criança desapareceu aos 11 anos com a mãe e o avô, durante umas férias no sul de Espanha.
A 14 de dezembro, após ser encontrado numa zona montanhosa, o menor disse às autoridades que estava em França há dois anos. Alex, agora com 17 anos, encontrava-se em bom estado de saúde e garantiu não ter sofrido maus tratos.
Na entrevista publicada esta sexta-feira, o jovem explicou que discutiu com a mãe e caminhou 35 quilómetros até se cruzar com um trabalhador de entregas que o levou para uma esquadra e deixou-o usar o telemóvel pessoal para contactar a avó e tutora legal.
A criança estava cansada de mudar de casa constantemente e de trabalhar com o avô a troco de alimentação e alojamento. Durante os seis anos em que esteve desaparecido, Alex só conheceu uma amiga espanhola num café e nunca frequentou a escola. "Sem amigos, sem vida social. Trabalhar, trabalhar e não estudar. Esta era a vida com a minha mãe (...) Amo-a, mas não é uma boa mãe", vincou.
Aos 14 anos, o menor começou a questionar este estilo de vida e a pensar abandonar os familiares. "Percebi que não era uma boa maneira de viver para o meu futuro. A nuvem dissipou-se, porque comecei a pesar tudo novamente, nomeadamente os prós e os contras de viver em Inglaterra", detalhou.
Enquanto a mãe, de 43 anos, "não estava aberta a outras opiniões", o avô, de 64, queria que Alex seguisse o "melhor caminho", de acordo com o jovem.
A versão coincide com a de Frédéric Hambye e Ingrid Beauve, proprietários de uma pousada em Camps-sur-l'Agly, França. No domingo, indicaram que conheciam o jovem por Zach e tomaram conta dele durante vários períodos de tempo desde o final de 2021.
"Da primeira vez, Zach/Alex chegou acompanhado do avô e da mãe. Ficou connosco em certas semanas, ajudando na manutenção do jardim e na cozinha, em troca da estadia e de alimentação", asseveraram, através de um comunidado citado pela imprensa britânica.
Os proprietários consideravam o jovem como "parte da família" e encorajaram-no "a aprender francês e a estudar", proporcionando-lhe "acesso livre à Internet e a possibilidade de entrar e sair mediante a própria vontade".
"Ele saiu várias vezes para se juntar à mãe em sucessivos locais de residência (...) A última vez que vimos o Zach/Alex foi no princípio deste verão", detalharam.
O jovem estava a residir num quarto alugado com a mãe, em Aude, no sul de França. A 11 de dezembro, colocou-se em fuga durante a noite com o objetivo de chegar a Toulouse, a cidade mais próxima.
Três dias depois, quando a polícia o identificou, Alex mentiu para proteger a mãe e o avô e disse que estava numa caminhada de quatro dias pelas montanhas. "Eu não me perdi. Só não queria voltar atrás para que a história parecesse verdadeira", confessou. A polícia tirou-lhe impressões digitais e nesse momento pensou que "não deveria ter dito nada".
No domingo, o menor regressou ao Reino Unido e reencontrou a avó e tutora legal. As autoridades britânicas querem interrogá-lo com o propósito de descobrir o paradeiro da mãe e do avô.